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A propósito da cova de Montesinos : Algumas notas sobre as canções de gesta e os seus ciclos

A descida “incicática” de Dom Quixote à cova de Montesinos não deixa de lembrar a de Eneias* e outras “descidas famosos como outras descidas famosas ao mundo dos mortos: o episódio de Orfeu e Eurídice e, claro o de Odisseu, no canto XI da Odisseia. Cervantes utiliza intencionalmente o género dos sonhos: faz que o próprio Dom Quixote admita ter adormecido e que depois este tente de provar o contrario detalhando o testemunho de todo o visto e ouvido na cova.


Pode-se encontrar um certo paralelo burlesco com os Sonhos de Quevedo (que até então tinha escrito quatro: o do juiço final, o alguacil, o do inferno e o do mundo por dentro. O último e tal vez o mais conhecido o Sonho da morte, Quevedo o escreveria por volta de 1621), incluso na fusão do sublime com o quotidiano, que no caso do Quixote é notoriamente incarnado por Montesinos, que parece uma fusão de venerável heroi romanceril e um scholar humanista.


Às personagens de gesta Cervantes vem somar a mitologia do rio Guadiana, as lagoas de Ruidera – que são realmente a nascente do rio – e o resto dessa família, misturando legendas com a sua própria fantasia, e, como já nos tem habituados sem deixar-nos muito claro se essa fantasia é a de Cervantes o a do propio Dom Quixote.


A procissão de Belerma e a sua corte leva a menção de Dulcineia e as suas companheiras que juntam-se a este desfile burlesco vestidas de lavradoras, tal como elas foram “encantadas” pelo próprio Sancho no capítulo X... As fabulações de um e outro vão complicar-se ainda mais para culminar no “negocio de açoites” a partir do capítulo 35, com o qual se diluirão o desenlace deste “encantamento” por um lado e esta espécie de pacto entre o cavaleiro e o escudeiro por outro. Dom Quixote, já dissemos, por primeira e única vez é personagem e narrador duma aventura da qual só conhecemos o seu testemunho. Cervantes aproveita este facto para transpor o admirável e o maravilhoso ao âmbito da fabulação, e deste modo põe um pau na roda da máquina das alegorias dando passo à narrativa inaugural da novela moderna.


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  • Num dos episódios mais famosos da Eneida, depois de ter partido da Sicilia, em Cumas, perto de Nápoles, Eneias visita a gruta da Sibila. Nela desce ao mundo dos mortos para pedir conselho ao seu pai, Anquises, que profetiza o futuro glorioso que terão ao estabelecer-se em Roma. No mundo dos mortos Eneias, vê vários espectros, entre os quais o de Dido que, ladeada por seu primeiro esposo, não lhe responde.


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Montesinos é um personagem pertencente ao ciclo carolíngio, mas que não existe na legenda francesa original. Casado com Rosaflorida, estes eram os senhores do castelo de Rocafrida. De acordo com a tradição popular as ruínas de dito castelo situavam-se na Mancha, perto da cova que veio a chamar-se “de Montesinos” provavelmente por este motivo. Em algumas baladas Montesinos é o primo de Durandarte, e é nessa qualidade que ele aparece – e em mais de uma ocasião – no Quixote.


Durandarte, por seu lado, é um herói. O seu nome deriva de Durendal, que era a espada de Rolando, mas que em Espanha transformou-se no nome do cavaleiro enamorado da bela Belerma, a quem tinha prometido enviar o seu coração caso fosse mortalmente ferido em batalha. Quando isto acontece, na batalha de Roncesvalles, é o seu primo, Montesinos, quem corta e leva o coração a Belerma.


O ciclo carolíngio reune todas as canções de gesta e poemas épicos surgidos nos primórdios da literatura francesa ente os séculos XI e XII, que se foram espalhando por toda Europa.


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A Canção de gesta é um longo poema épico narrativo medieval que celebra os feitos de heróis do passado.


Não se sabe exactamente como surgiram as canções de gesta. A mais antiga conhecida, o manuscrito de Oxford de La chanson de Roland, data de cerca de 1100, mas apresenta um tal refinamento e complexidade em sua composição que é provável que já bem antes desta data houvesse uma tradição de canções do mesmo tipo. La chanson de Roland tem um total de 4002 versos, mas algumas canções podiam chegar a dezenas de milhares de versos.


Em geral as mais antigas possuem versos de dez sílabas com uma pausa (uma cesura) depois da quarta ou quinta sílaba. Inicialmente as canções não utilizavam a rima, e sim a assonância, ou seja, a repetição do som das vogais nos versos de uma estrofe. Os versos estão organizados em estrofes de tamanho variável chamadas laisses em francês. Mais tarde, várias canções passaram a utilizar a rima e versos dodecassílabos (versos alexandrinos). A língua das canções foi o francês antigo, mas muitas foram traduzidas a outras línguas ainda durante a Idade Média.


As canções de gesta foram pensadas para serem cantadas com acompanhamento musical. A audiência era composta por pessoas de variados estamentos sociais, em geral analfabetas, nas vilas, cidades e na cortes dos nobres da época. As canções eram recitadas por cantores profissionais - jográis e menestréis - e enquanto alguns deles limitavam-se a repetir as composições tradicionais, outros criavam novas canções ou adicionavam novos episódios às canções conhecidas, adaptando-as às diferentes audiências e garantindo o interesse em suas recitações.


Os temas de quase todas as canções estão ligadas à época da dinastia carolíngia (séculos XIII e IX), especialmente ao rei franco Carlos Magno e seus paladinos e nobres, e suas lutas contra os pagãos, particularmente os muçulmanos. Assim, a maioria das canções fazem parte da chamada Matéria de França da literatura medieval.


Durante a Idade Média, Carlos Magno e, em menor medida, governantes carolíngios como Luís o Piedoso e Carlos Martel, foram vistos como campeões da Cristandade, que lutaram e impediram que a Europa inteira fosse conquistada pelos mouros e sarracenos. Nos séculos XI e XII a lembrança ainda era muito viva, e a Europa sentia-se cercada pela ameaça muçulmana, que dominava a Península Ibérica a Ocidente e a Terra Santa a Oriente. Assim, no contexto das Cruzadas e da Reconquista, é natural que as canções de gesta tratassem fundamentalmente do tema da guerra santa contra os muçulmanos e que seus heróis sejam os personagens históricos que guerrearam contra mouros e sarracenos.


Junto a personagens verídicos há personagens puramente fictícios. Alguns monstruosos, como o gigante Ferrabrás, e outros com poderes mágicos como o mago Maugis e o cavalo Baiarte. Enquanto certos episódios das canções estão baseados em eventos históricos, como a Batalha de Roncesvales (788) ou o Cerco de Jerusalém (1099), a maioria está baseada em lendas ou na imaginação do autor. Também é frequente que uma batalha seja resolvida por intervenção divina, o que é uma forma pela qual o autor mostra que a razão estava do lado dos cristãos.


As canções de gesta foram formando grupos ou ciclos. Os mais importantes são:

O Ciclo do rei que agrupa os vários poemas em que os personagens principais são o rei franco Carlomagno e seus paladinos. O tema mais importante é a luta do rei e seus guerreiros, como Rolando e Oliveiros, contra os muçulmanos. Exemplos importantes: • A Canção de Rolando (La Chanson de Roland, c. 1100): que trata da emboscada em que morrem Rolando, Oliveiros, o arcebispo Turpim e outros paladinos na Batalha de Roncesvales, traídos pelo cavaleiro franco Ganelão. Na segunda parte do poema Carlomagno vinga seus paladinos. • A Peregrinação de Carlos Magno (Pèlerinage de Charlemagne, c. 1140): que trata de uma peregrinação fictícia de Carlomagno e seus paladinos a Jerusalém - onde conseguem várias relíquias - e Constantinopla. • Ferrabrás (Fierabras, c. 1170): que trata da luta entre Carlomagno e os seus contra o rei muçulmano Balão e seu filho gigantesco, Ferrabrás. No final, Oliveiros vence Fierabrás e este converte-se ao Cristianismo junto a sua irmã, Floripes, que também é um dos personagens principais. • Aspremont (c. 1190): Nesta, a Europa é invadida pelo rei sarraceno Agolant e seu filho Helmont. No sul da Itália, Carlomagno e seus paladinos lutam e vencem os invasores. Na batalha mais decisiva, o jovem Rolando vence Helmont e recebe de Carlomagno a espada Durindana e o cavalo Vigilante. • Chanson de Saisnes (Canção dos Saxões, c. 1200): Trata-se da primeira canção com autor conhecido: Jean Bodel. Trata das campanhas militares de Carlomagno contra os saxões. Campanhas que realmente ocorreram no século VIII.


O Ciclo de Guilherme d'Orange de vinte e quatro canções desenvolve-se ao redor de Guilherme de Orange, conde de Tolosa em tempos carolíngios, que lutou contra os muçulmanos e terminou seus dias numa abadia como santo. O ciclo, também chamado Ciclo de Garin de Monglane, do nome de um ancestral lendário de Guilherme se compõe de : • A Canção de Guilherme (Chanson de Guillaume, c. 1140): que é uma das poucas canções de gesta de antes de 1150. Conta a história da luta contra os sarracenos no sul da França; na primeira parte são heróis Guillherme e seu sobrinho, Vivien, enquanto na segunda, Vivien morre e Guilherme é ajudado por Ranouard. • A Coroação de Luís (Couronnement de Louis, 1150-1170): trata da coroação de Luís o Piedoso, filho de Carlomagno. Ao morrer o rei, o príncipe Luís tem 15 anos e vai à corte de Gulherme de Orange. Juntos vão em peregrinação a Roma, que encontram cercada por sarracenos. Na batalha que se segue, Guilherme consegue livrar a cidade dos invasores. • Le Charroi de Nîmes (Comboio de Nimes, 1150-1170): Luís o Piedoso encarrega Guilherme de tomar a cidade de Nimes dos sarracenos. Guilherme se disfarça de mercador e esconde suas tropas num comboio de carroças; assim consegue entrar na cidade e tomá-la. • Le Prise de Orange (A Tomada de Orange, 1150-1170): Guilherme decide tomar a cidade de Orange, governada por Orable, uma bela rainha sarracena. Guilherme toma a cidade e seduz a rainha, com quem casa-se e que é batizada - com o nome de Guibourc.


No Ciclo dos Barões Rebeldes estão agrupadas várias canções que retratam nobres em conflito com Carlomagno ou com outros nobres. Estes poemas podem reflectir a perda de poder dos barões frente a um poder real cada vez mais forte e centralizado. Neles, de qualquer modo, os heróis rebeldes não questionam o princípio de autoridade feudal nem tentam depor os reis com os quais estão em conflito. O ciclo também é chamado Ciclo de Don de Mogúncia, pelo facto de Don de Mogúncia (Doon de Mayence) ser o ancestral fictício de vários heróis rebeldes como Reinaldo de Montalvão e o mago Maugis. Fazem parte do ciclo:

Os Quatro filhos de Amão (Quatre fils Aymon, fins do séc. XII): que trata do conflito entre os quatro filhos do duque Amão e Carlomagno, aqui retratado como um rei vingativo e traiçoeiro. Os quatro irmãos são ajudados pelo seu primo, o mago Maugis, e seu cavalo mágico Baiarte. O principal herói do poema é Reinaldo de Montalvão.

O Cavaleiro Ogier (Chevalier d’Ogier, início do séc. XIII): o personagem é Ogier o Dinamarquês (Ogier le Danois), criado na corte de Carlomagno. O filho bastardo de Ogier é morto por um dos filhos do rei, Carlos o jovem. Como o crime não é punido pelo rei, Ogier rebela-se e aguenta um cerco em seu castelo durante sete anos, até ser capturado. Uma invasão sarracena faz com que sua ajuda seja necessária, e Ogier termina por salvar a França. Casa-se então com uma princesa inglesa e recebe feudos de Carlomagno. Raoul de Cambrai (fins do séc. XII): Raul disputa o feudo de Vermandois com Herberto I de Vermandois. Como o rei carolíngio Luís de Ultramar apóia Herberto, Raul guerreia com os dois.

O Ciclo das Cruzadas é um conjunto de canções de gesta sobre a Primeira e a Terceira Cruzadas, composto por cerca de trinta poemas. Em várias o herói é Godofredo de Bulhão, conquistador de Jerusalém em 1099. As principais dentre elas são:

A Canção de Antioquia que trata da viagem dos guerreiros da Primeira Cruzada à Terra Santa e do cerco de Antioquia em que foi tomada a cidade (1098).

E a Canção de Jerusalém que trata da chegada dos cruzados da Primeira Cruzada à Terra Santa, do cerco de Jerusalém e da posterior batalha de Ascalão (travada a 12 de Agosto de 1099).


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Os Cantares de gesta espanhóis são três:


O Poema de Mio Cid: é a única canção de gesta castelhana que se encontra quase integralmente preservada e é a mais antiga (finais do século XII). Narra as aventuras e conquistas de Rodrigo Díaz de Vivar, chamado Mio Cid ou Cid Campeador, um dos principais heróis da Reconquista da Península Ibérica.


As Mocedades de Rodrigo narra as aventuras de juventude do Cid. O único manuscrito preservado possui 1164 versos e uma parte em prosa.


A Canção de Roncesvales. O fragmento preservado está relacionado a um episódio imediatamente posterior à Batalha de Roncesvales e mostra Carlos Magno lamentando-se pela perda dos seus paladinos, especialmente Rolando.


Há textos em prosa e outros textos medievais que sugerem a existência de outras canções de gesta castelhanas hoje perdidas como a Canção dos sete infantes de Lara, conhecida graças a versões em prosa, e a Canção de Fernán González, cujo argumento é conhecido graças ao Poema de Fernán González, do século XV. A épica medieval castelhana - representada especialmente pelo Poema de Mio Cid - diferencia-se da francesa em alguns aspectos. O mais chamativo é o realismo do argumento; as descrições geográficas são bastante precisas e de maneira geral não há explicações mágicas (intervenções divinas, milagres) na história.


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A Canção dos Nibelungos (em alemão Das Nibelungenlied) é um poema épico escrito na Idade Média por volta de 1200 em alto alemão médio. A saga está baseada em motivos heróicos germânicos pré-cristãos que compreendem as lendas dos Nibelungos, misturando antigas tradições orais com eventos e personagens históricos dos séculos V e VI. Lendas sobre os mesmos temas existem em várias sagas da língua nórdica antiga, como a Saga dos Volsungos e a Edda em prosa.


No período das migrações dos povos bárbaros várias tribos germânicas invadiram o Império Romano e colonizaram vastas áreas da Europa ocidental. Uma destas tribos foi a dos burgúndios, que estabeleceram um reino na região do Reno, com capital em Worms. Um dos eventos históricos que possivelmente está nas origens da lenda é a destruição do reino por volta do ano de 436, pelo romano Flávio Aécio, com ajuda de soldados hunos. O poema refere à destruição dos burgúndios numa luta travada no reino de Átila o Huno.


Outros eventos históricos que podem ter influenciado o mito são o casamento de Átila com a princesa germânica Idico, em 453 (No poema, Átila se casa com a princesa burgunda Kriemhild), o conflito na casa dos Merovíngios, entre a rainha Brünhild e a amante do rei, Fredegunde ocorrido no século VI (que tem paralelo no poema na relação conflitiva entre as rainhas Brünhild e Kriemhild).


Esse fundo histórico foi misturado com antigas lendas relacionadas aos nibelungos, originalmente uma raça mitológica de anões guardiões de um tesouro. Mais tarde, o nome nibelungo passou a designar uma dinastia burgunda. Na primeira parte do poema, o tesouro que Siegfried tomou dos nibelungos passa aos burgúndios. O significado do termo "nibelungo" muda na segunda parte, pois os burgúndios passam a ser chamados nibelungos, talvez por se terem tornado donos do tesouro.


O público da Canção dos Nibelungos era composto por cortesãos educados, acostumados aos romances de cavalaria da Matéria da Bretanha e da Matéria de França. Assim, apesar da antiguidade dos temas da Canção, o comportamento dos personagens está fortemente condicionado pela ética da cavalaria medieval e do amor cortês. O cerimonial da corte burgunda, as ações de Siegfried, seus esforços para conquistar Kriemhild e o relacionamento amoroso entre os dois são típicos dos romances de cavalaria da época.


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A Batalha de Roncesvales foi uma batalha travada em 778 na qual a retaguarda do exército do rei franco Carlos Magno foi dizimada por um ataque de guerreiros vascões. O enfrentamento ocorreu próximo à localidade de Roncesvales (Roncesvalles em castelhano, Roncevaux em francês, Orreaga em basco), localizada em Navarra, próximo à atual fronteira entre Espanha e França.


Entre os francos mortos na batalha figurava Rolando, prefeito da marca da Bretanha e comandante da retaguarda de Carlos Magno. Esse fato é conhecido através da Vita Caroli Magni, a biografia de Carlos Magno escrita por Eginhardo por volta de 830. Essa biografia e os Anais Reais carolíngios são as únicas fontes documentais contemporâneas da batalha.


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Orlando. É a versão italiana do Rolando da Chanson de Roland. O primeiro é o Orlando innamorato escrito por Matteo Boiardo (1441-1494), que começou-o a escrever em 1476, mas morreu antes de poder terminá-la. Seguira o célèbre Orlando Furioso, de Ariosto, que distancia-se completamente da outra obra no tocante ao fato de não preservar os conceitos humanísticos da cavalaria andante. Orlando faz parte das chamada “matéria de Bretanha”. Jean Brodel criou o termo na Chanson de Saisnes :


Ne sont que iii matières à nul homme atandant, De France et de Bretaigne, et de Rome la grant.


As tres “materias” tratam: A Francesa, do ciclo carolíngio; a de Bretanha, da lenda do rei Arturo e outras lendas inglesas, como por exemplo a do rei Lear; e por último, a dita da “Grande Roma” trata das historias mitológicas do período classíco.



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Um projecto do São Luiz Teatro Municipal

comissariado por Alvaro García de Zúñiga, José Luis Ferreira & Teresa Albuquerque


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