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'''Sessão 30 - Terça 5 de Março 2013 - Começamos o 2º Livro !!! :'''  
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'''Sessão 31 - Terça 19 de Março 2013'''  
  
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Convidados : - O economista '''[http://www.josetavares.eu/ José Tavares]'''
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- A equipa de '''[http://www.teatrosaoluiz.pt/catalogo/detalhes_produto.php?id=329 A visita da Velha Senhora''' (em palco até 27 de Março no São Luiz Teatro Municipal)]
  
  
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Convidado : '''[http://www.iplb.pt/sites/DGLB/Portugues/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=10487 Miguel Serras Pereira]'''
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Leitura dos capítulos '''2''', '''3''' e '''4''' da '''''"Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha"'''''
  
  
Ao entrar na segunda parte do Quixote entramos em cheio no mundo da intertextualidade.  
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Os três capítulos que vamos ler na próxima sessão – baseados fundamentalmente nos colóquios e razões de Dom Quixote, Sancho e o acabadinho de chegar bacharel Sansão Carrasco – têm uma grande unidade, diz-nos com toda a razão o cervantista Ricardo Senabre - criador-fundador da Faculdade de Letras da Universidade de Extremadura.
  
Esta está presente já desde o prólogo, no qual se refere a existência do Quixote apócrifo – conhecido também como o Quixote de Avellaneda –, a quem responde com grande altura aos insultos que este lhe dirigira no prólogo e ao longo de toda a sua falsa história que fora publicada poucos meses antes da aparição da verdadeira segunda parte que Cervantes publica em 1615.
 
Na dedicatória ao Conde de Lemos, vice-rei de Nápoles e mecenas, Cervantes sai do cânone tradicional do panegírico solene para inventar uma correspondência fictícia com o Imperador da China*, que tinha decidido fundar um colégio espanhol do qual Cervantes seria o reitor, e no qual iria fazer estudar aos seus súbditos a língua castelhana, lendo o Quixote. Convite este que é posto de parte pelo autor que, ''“emperador por emperador y monarca por monarca, en Nápoles tengo al grande conde de Lemos, que, sin tantos titulillos de colegios ni rectorías, me sustenta, me ampara y hace más merced que la que yo acierto a desear.”''
 
  
Praticamente desde o começo iremos dar com personagens que já leram a primeira parte do livro, como vamos ver na próxima sessão, mas é propriamente desde o início da segunda parte que Cervantes dá um claro destaque a Cide Hamete Benegeli como o verdadeiro narrador encarregado de contar-nos esta história. Durante toda a primeira parte, Cide Hamete não tinha sido referido mais do que em cinco ou seis ocasiões, mas de aqui em diante muito regularmente vai ser referida a sua função e autoridade.
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Com efeito, os capítulos 2, 3 e 4 decorrem no mesmo lugar – a casa do fidalgo Alonso Quijana, (ou seja qual for o seu nome)  –, e tratam exclusivamente das conversas dos três personagens. Essas conversas consistem, fundamentalmente, numa espécie de olhar para atrás, num “racconto” dos episódios e aventuras narradas na ''Primeira Parte'' que se faz por intermédio de evocações subjectivas – ''«juntos salimos, juntos fuimos y juntos peregrinamos», «si a ti te mantearon una vez, a mí me han molido ciento»'' etc. – às que se irão somar depois as opiniões dos vizinhos, dando espaço às mais diversas perspectivas, e finalmente, através da noticia de que já circulava “em livros” a história, dá-se conta desde mais outro ponto de vista dos feitos que ocorreram na ''Primeira Parte''.
Relembremo-nos que dez anos passaram entre a aparição da primeira parte e a segunda que hoje começamos; mas na cronologia fictícia só passou pouco mas de um mês desde que tivera fim a segunda saída, quando o cura e o barbeiro trouxeram finalmente o senhor Quijada para sua casa. Agora, pouco mais de um mês depois, eles vêm fazer-lhe uma visita e assim informar-se se tem melhorado ou continua tão louco como sempre.
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Na conversa que completa o resto deste primeiro capítulo ficam expostas uma série de características que dominarão a segunda parte: o aumento do diálogo, um ritmo de acção mais fluído e com uma maior “respiração”, e o facto de vermos Dom Quixote interagir com os outros mais frequentemente num terreno que poderíamos descrever como mais “normal”. Mas claro que ao mesmo tempo, mais do que nunca a relação entre a “loucura” e a “sanidade” de nosso cavaleiro será absolutamente crucial no decorrer das novas aventuras que hoje começam. Com efeito, a descrição do estado mental de Dom Quixote vai sendo cada vez mais apurada, até o ponto que poderíamos quase imaginá-la feita pelo próprio Freud.  
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Mas o mais importante desta forma de escrever é que permite a Cervantes desenvolver uma narrativa complexíssima e extraordinária que não parece ter comparação em toda a história da literatura.
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Ao incluir a Primeira Parte do ''Quixote'' (1605) como um dos elementos do relato desta ''Segunda'', o leque de possibilidades narrativas passa a ser ilimitado. Por um lado os protagonistas da história vêm-se a si mesmos transformados em personagens, o que lhes dá a oportunidade de opinar e até de “corrigir inexatidões” naquilo que foi registado pelo autor (o que, por conseguinte, também deixa no ar a dúvida sobre a veracidade do que vamos lendo), criando, em certo modo, uma nova “inter-independência” na relação personagem – autor. Cervantes nem sequer deixa de lado outros aspectos relacionados com outros detalhes e assuntos, como podem ser a oportunidade ou não de inserir a novela do ''Curioso Impertinente'' no relato, ou resolver um erro editorial voltando a falar-nos do problema do roubo do jumento de Sancho. E ao falar-se do recebimento que teve o livro da Primeira Parte, claro, toca-se em temas como o sucesso, a crítica, e até a diferença entre história real e ficção, e isto justamente ao mesmo tempo em que somos confrontados com o que é “escrito” e o que é “vivido”. A existência do livro da Primeira Parte modificará o modo de ver de muitos daqueles que se vão cruzar no caminho do nosso já famoso cavaleiro, pré-condicionando as suas atitudes e comportamentos. Mas a inusitada audácia de Cervantes que introduz a própria ficção na ficção não vai deixar tão cedo de nos surpreender.
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(* Sem dúvida trata-se em parte de uma resposta a Avellaneda, que faz pouco de Cervantes por ter citado no prólogo da primeira parte o preste João das Indias e o Imperador de Trapisonda (''«Y pues Miguel de Cervantes... está tan falto de amigos que cuando quisiera adornar sus libros con sonetos campanudos había de ahijarlos, como él dice, al preste Juan de las Indias o al emperador de Trapisonda...»'' (Avellaneda, I, p. 11))
 
  
  
  
  
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[http://cvc.cervantes.es/literatura/clasicos/quijote/edicion/parte2/prologo_al_lector/default.htm PRÓLOGO]
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[http://cvc.cervantes.es/literatura/clasicos/quijote/edicion/parte2/cap02/default.htm CAPÍTULO II]
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[http://cvc.cervantes.es/literatura/clasicos/quijote/edicion/parte2/cap03/default.htm CAPÍTULO III]
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[http://cvc.cervantes.es/literatura/clasicos/quijote/edicion/parte2/cap04/default.htm CAPÍTULO IV]
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''Sessões''
  
[http://cvc.cervantes.es/literatura/clasicos/quijote/edicion/parte2/dedicatoria_al_conde_de_lemos/default.htm DEDICATORIA]
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2011
  
[http://cvc.cervantes.es/literatura/clasicos/quijote/edicion/parte2/cap01/default.htm CAPÍTULO I]
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''Sessões Setembro 2011 - Fevereiro 2013''
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2014
  
[[DQ1|20 SET]], [[DQ2|4 OUT]], [[DQ3|25 OUT]], [[DQ4|15 NOV]], [[DQ5|29 NOV]], [[DQ6|13 DEZ]],  
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[[DQ46| 13 JAN]], [[DQ47| 27 JAN]], [[DQ48| 10 FEV]], [[DQ49|24 FEV]], [[DQ50|10 MAR]], [[DQ51|24 MAR]], [[DQ52|14 ABR]], [[DQ53|28 ABR]], [[DQ54|12 MAI]], [[DQ55|26 MAI]], [[DQ56|9 JUN]], [[DQ57|23 JUN]], [[DQ58|7 JUL]], [[DQ 59|21 JUL]]  
[[DQ7|24 JAN]], [[DQ8|7 FEV]], [[DQ9|28 FEV]], [[DQ10|13 MAR]], [[DQ11|27 MAR]], [[DQ12|10 ABR]], [[DQ13|24 ABR]], [[DQ14|8 MAI]], [[DQ15|22 MAI]], [[DQ16|5 JUN]], [[DQ17|19 JUN]], [[DQ18|3 JUL]], [[DQ19|25 SET]], [[DQ20|09 OUT]], [[DQ21|23 OUT]], [[DQ22|06 NOV]], [[DQ23|13 NOV]], [[DQ24|27 NOV]], [[DQ25|11 DEZ]], [[DQ26|08 JAN]], [[DQ27|22 JAN]], [[DQ28|05 FEV]], [[DQ29|19 FEV]], [[DQ30|5 MAR]]
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Edição actual desde as 11h50min de 22 de Junho de 2014


Continuamos a começar o 2º Livro !!!


LERDOMQUIXOTE iniciodosegundolivro.jpg


Um projecto do São Luiz Teatro Municipal

comissariado por Alvaro García de Zúñiga


Sessão 31 - Terça 19 de Março 2013

Convidados : - O economista José Tavares

- A equipa de A visita da Velha Senhora (em palco até 27 de Março no São Luiz Teatro Municipal)


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Leitura dos capítulos 2, 3 e 4 da "Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha"


Os três capítulos que vamos ler na próxima sessão – baseados fundamentalmente nos colóquios e razões de Dom Quixote, Sancho e o acabadinho de chegar bacharel Sansão Carrasco – têm uma grande unidade, diz-nos com toda a razão o cervantista Ricardo Senabre - criador-fundador da Faculdade de Letras da Universidade de Extremadura.


Com efeito, os capítulos 2, 3 e 4 decorrem no mesmo lugar – a casa do fidalgo Alonso Quijana, (ou seja qual for o seu nome) –, e tratam exclusivamente das conversas dos três personagens. Essas conversas consistem, fundamentalmente, numa espécie de olhar para atrás, num “racconto” dos episódios e aventuras narradas na Primeira Parte que se faz por intermédio de evocações subjectivas – «juntos salimos, juntos fuimos y juntos peregrinamos», «si a ti te mantearon una vez, a mí me han molido ciento» etc. – às que se irão somar depois as opiniões dos vizinhos, dando espaço às mais diversas perspectivas, e finalmente, através da noticia de que já circulava “em livros” a história, dá-se conta desde mais outro ponto de vista dos feitos que ocorreram na Primeira Parte.


Mas o mais importante desta forma de escrever é que permite a Cervantes desenvolver uma narrativa complexíssima e extraordinária que não parece ter comparação em toda a história da literatura. Ao incluir a Primeira Parte do Quixote (1605) como um dos elementos do relato desta Segunda, o leque de possibilidades narrativas passa a ser ilimitado. Por um lado os protagonistas da história vêm-se a si mesmos transformados em personagens, o que lhes dá a oportunidade de opinar e até de “corrigir inexatidões” naquilo que foi registado pelo autor (o que, por conseguinte, também deixa no ar a dúvida sobre a veracidade do que vamos lendo), criando, em certo modo, uma nova “inter-independência” na relação personagem – autor. Cervantes nem sequer deixa de lado outros aspectos relacionados com outros detalhes e assuntos, como podem ser a oportunidade ou não de inserir a novela do Curioso Impertinente no relato, ou resolver um erro editorial voltando a falar-nos do problema do roubo do jumento de Sancho. E ao falar-se do recebimento que teve o livro da Primeira Parte, claro, toca-se em temas como o sucesso, a crítica, e até a diferença entre história real e ficção, e isto justamente ao mesmo tempo em que somos confrontados com o que é “escrito” e o que é “vivido”. A existência do livro da Primeira Parte modificará o modo de ver de muitos daqueles que se vão cruzar no caminho do nosso já famoso cavaleiro, pré-condicionando as suas atitudes e comportamentos. Mas a inusitada audácia de Cervantes que introduz a própria ficção na ficção não vai deixar tão cedo de nos surpreender.



AGZ


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links úteis :

CAPÍTULO II

CAPÍTULO III

CAPÍTULO IV


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Sessões

2011

20 SET, 4 OUT, 25 OUT, 15 NOV, 29 NOV, 13 DEZ

2012

24 JAN, 7 FEV, 28 FEV, 13 MAR, 27 MAR, 10 ABR, 24 ABR, 8 MAI, 22 MAI, 5 JUN, 19 JUN, 3 JUL, 25 SET, 09 OUT, 23 OUT, 06 NOV, 13 NOV, 27 NOV, 11 DEZ

2013

08 JAN, 22 JAN, 05 FEV, 19 FEV, 5 MAR, 19 MAR, 2 ABR, 16 ABR, 30 ABR, 14 MAI, 28 MAI, 18 JUN, 2 JUL, 9 JUL, 30 SET, 14 OUT, 28 OUT, 18 NOV, 2 DEZ, 16 DEZ

2014

13 JAN, 27 JAN, 10 FEV, 24 FEV, 10 MAR, 24 MAR, 14 ABR, 28 ABR, 12 MAI, 26 MAI, 9 JUN, 23 JUN, 7 JUL, 21 JUL


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