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+ | Mas o mais importante desta forma de escrever é que permite a Cervantes desenvolver uma narrativa complexíssima e extraordinária que não parece ter comparação em toda a história da literatura. | ||
+ | Ao incluir a Primeira Parte do ''Quixote'' (1605) como um dos elementos do relato desta ''Segunda'', o leque de possibilidades narrativas passa a ser ilimitado. Por um lado os protagonistas da história vêm-se a si mesmos transformados em personagens, o que lhes dá a oportunidade de opinar e até de “corrigir inexatidões” naquilo que foi registado pelo autor (o que, por conseguinte, também deixa no ar a dúvida sobre a veracidade do que vamos lendo), criando, em certo modo, uma nova “inter-independência” na relação personagem – autor. Cervantes nem sequer deixa de lado outros aspectos relacionados com outros detalhes e assuntos, como podem ser a oportunidade ou não de inserir a novela do ''Curioso Impertinente'' no relato, ou resolver um erro editorial voltando a falar-nos do problema do roubo do jumento de Sancho. E ao falar-se do recebimento que teve o livro da Primeira Parte, claro, toca-se em temas como o sucesso, a crítica, e até a diferença entre história real e ficção, e isto justamente ao mesmo tempo em que somos confrontados com o que é “escrito” e o que é “vivido”. A existência do livro da Primeira Parte modificará o modo de ver de muitos daqueles que se vão cruzar no caminho do nosso já famoso cavaleiro, pré-condicionando as suas atitudes e comportamentos. Mas a inusitada audácia de Cervantes que introduz a própria ficção na ficção não vai deixar tão cedo de nos surpreender. | ||
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+ | [http://cvc.cervantes.es/literatura/clasicos/quijote/edicion/parte2/cap03/default.htm CAPÍTULO III] | ||
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Edição actual desde as 11h50min de 22 de Junho de 2014
Continuamos a começar o 2º Livro !!!
Um projecto do São Luiz Teatro Municipal
comissariado por Alvaro García de Zúñiga
Sessão 31 - Terça 19 de Março 2013
Convidados : - O economista José Tavares
- A equipa de A visita da Velha Senhora (em palco até 27 de Março no São Luiz Teatro Municipal)
Leitura dos capítulos 2, 3 e 4 da "Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha"
Os três capítulos que vamos ler na próxima sessão – baseados fundamentalmente nos colóquios e razões de Dom Quixote, Sancho e o acabadinho de chegar bacharel Sansão Carrasco – têm uma grande unidade, diz-nos com toda a razão o cervantista Ricardo Senabre - criador-fundador da Faculdade de Letras da Universidade de Extremadura.
Com efeito, os capítulos 2, 3 e 4 decorrem no mesmo lugar – a casa do fidalgo Alonso Quijana, (ou seja qual for o seu nome) –, e tratam exclusivamente das conversas dos três personagens. Essas conversas consistem, fundamentalmente, numa espécie de olhar para atrás, num “racconto” dos episódios e aventuras narradas na Primeira Parte que se faz por intermédio de evocações subjectivas – «juntos salimos, juntos fuimos y juntos peregrinamos», «si a ti te mantearon una vez, a mí me han molido ciento» etc. – às que se irão somar depois as opiniões dos vizinhos, dando espaço às mais diversas perspectivas, e finalmente, através da noticia de que já circulava “em livros” a história, dá-se conta desde mais outro ponto de vista dos feitos que ocorreram na Primeira Parte.
Mas o mais importante desta forma de escrever é que permite a Cervantes desenvolver uma narrativa complexíssima e extraordinária que não parece ter comparação em toda a história da literatura.
Ao incluir a Primeira Parte do Quixote (1605) como um dos elementos do relato desta Segunda, o leque de possibilidades narrativas passa a ser ilimitado. Por um lado os protagonistas da história vêm-se a si mesmos transformados em personagens, o que lhes dá a oportunidade de opinar e até de “corrigir inexatidões” naquilo que foi registado pelo autor (o que, por conseguinte, também deixa no ar a dúvida sobre a veracidade do que vamos lendo), criando, em certo modo, uma nova “inter-independência” na relação personagem – autor. Cervantes nem sequer deixa de lado outros aspectos relacionados com outros detalhes e assuntos, como podem ser a oportunidade ou não de inserir a novela do Curioso Impertinente no relato, ou resolver um erro editorial voltando a falar-nos do problema do roubo do jumento de Sancho. E ao falar-se do recebimento que teve o livro da Primeira Parte, claro, toca-se em temas como o sucesso, a crítica, e até a diferença entre história real e ficção, e isto justamente ao mesmo tempo em que somos confrontados com o que é “escrito” e o que é “vivido”. A existência do livro da Primeira Parte modificará o modo de ver de muitos daqueles que se vão cruzar no caminho do nosso já famoso cavaleiro, pré-condicionando as suas atitudes e comportamentos. Mas a inusitada audácia de Cervantes que introduz a própria ficção na ficção não vai deixar tão cedo de nos surpreender.
links úteis :
Sessões
2011
20 SET, 4 OUT, 25 OUT, 15 NOV, 29 NOV, 13 DEZ
2012
24 JAN, 7 FEV, 28 FEV, 13 MAR, 27 MAR, 10 ABR, 24 ABR, 8 MAI, 22 MAI, 5 JUN, 19 JUN, 3 JUL, 25 SET, 09 OUT, 23 OUT, 06 NOV, 13 NOV, 27 NOV, 11 DEZ
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2014
13 JAN, 27 JAN, 10 FEV, 24 FEV, 10 MAR, 24 MAR, 14 ABR, 28 ABR, 12 MAI, 26 MAI, 9 JUN, 23 JUN, 7 JUL, 21 JUL