(4 edições intermédias de 2 utilizadores não apresentadas) | |||
Linha 29: | Linha 29: | ||
− | A aventura dos leões que segue | + | A aventura dos leões que se segue, dá a oportunidade a Dom Quixote de demonstrar ao cavaleiro do Verde Gabão o seu valor, a sua temeridade e, não de somenos, justificar o merecimento que têm as “valorosas muitas e cristãs façanhas” de estar estampadas em livro. O tema do leão, aliás, é um tema de livro: Um cavaleiro do leão – Yvain – já tinha sido escrito por Chrétien de Troyes, e vários leões figuram entre os clássicos da cavalaria para salientar o valor do herói, desde o Amadís de Gaula, clássico dos clássicos, até o Palmerín de Oliva, passando pelo Primaleón, pelo Belanís e vai-se saber ainda quantos outros. O episódio, então, entrelaça ao perigo real com o mundo da fantasia, e tendo “triunfado” o da Triste Figura, nada parece mais merecido que reclame, a partir de agora, ser reconhecido como Cavaleiro dos Leões. |
− | Mas o génio de Cervantes, uma vez mais, surpreende-nos na contraposição dos modelos, e o que a priori aparece como um | + | Mas o génio de Cervantes, uma vez mais, surpreende-nos na contraposição dos modelos, e, o que a priori aparece como um episódio marcado pela, e que resulta da, ingenuidade e do delírio de Dom Quixote, logo deixa entrever um outro ângulo. Opondo assim, ao modelo dos clássicos com que sonha o Quixote o facto de este vir andando pelo caminho, e não "pelo coração do bosque"; o facto que a fera esteja enjaulada e não em liberdade, reforça ainda mais a ausência de iminente perigo e o lado desnecessário do desafio... As prudentes advertências dos acompanhantes, não fazem mais que sublinhar que esta “mítica aventura”, finalmente, é um episódio que nos é apresentado com realismo e veracidade. Não esqueçamos que a aventura dos leões começa pela parodia dos requeijões que Sancho põe dentro do elmo de Dom Quixote e esquece... |
− | + |
E por último, não deixemos escapar o facto que o “tradutor” chame a atenção ao louvor feito ao cavaleiro pelo “autor” desta história. Trata-se ainda, mais uma vez, de outra forma com a qual Cervantes parece afirmar e confirmar o aprofundamento e a complexidade e a evolução do carácter do personagem, entre o Quixote tal qual era e actuava na primeira parte, e este. Este temerário e gratuito acto dos leões não é em nada alheio à essa evolução. | |
− | + | Seguir-se-ão quatro dias em casa do do Verde Gabão. Neles, Dom Diego e o seu filho - Dom Lourenço -, antecipam aquilo que durante quatrocentos anos todos os leitores do Quixote não deixaram de ponderar e será um dos temas maiores de todo o cervantismo: a questão de decidir até que ponto Dom Quixote é louco ou não tanto. Chegando Cervantes - como bom primeiro cervantista que foi -, a incluir modelos de leitura que não deixam de lado a observação de intervalos lúcidos e de loucura misturados. | |
− | Nesses dias | + | Nesses quatro dias tomaremos contacto com os dotes poéticos de Lourenço, que, se por um lado vão servir para “adocicar” a causa da cavalaria andante tão ardentemente defendida por Dom Quixote, por outro, através do soneto dedicado a Píramo e Tisbe, vão introduzir o tema do amor e seus obstáculos que serão largamente desenvolvidos nos capítulos e nas histórias de Quitéria, Basílio e o rico Camacho que se seguem. |
<div class=direita> AGZ | <div class=direita> AGZ | ||
Linha 65: | Linha 65: | ||
− | ''Sessões | + | ''Sessões'' |
− | + | 2011 | |
− | + | ||
+ | [[DQ1|20 SET]], [[DQ2|4 OUT]], [[DQ3|25 OUT]], [[DQ4|15 NOV]], [[DQ5|29 NOV]], [[DQ6|13 DEZ]] | ||
− | <center>[[Ler Dom Quixote]] | + | 2012 |
+ | |||
+ | [[DQ7|24 JAN]], [[DQ8|7 FEV]], [[DQ9|28 FEV]], [[DQ10|13 MAR]], [[DQ11|27 MAR]], [[DQ12|10 ABR]], [[DQ13|24 ABR]], [[DQ14|8 MAI]], [[DQ15|22 MAI]], [[DQ16|5 JUN]], [[DQ17|19 JUN]], [[DQ18|3 JUL]], [[DQ19|25 SET]], [[DQ20|09 OUT]], [[DQ21|23 OUT]], [[DQ22|06 NOV]], [[DQ23|13 NOV]], [[DQ24|27 NOV]], [[DQ25|11 DEZ]] | ||
+ | |||
+ | 2013 | ||
+ | |||
+ | [[DQ26|08 JAN]], [[DQ27|22 JAN]], [[DQ28|05 FEV]], [[DQ29|19 FEV]], [[DQ30|5 MAR]], [[DQ31|19 MAR]], [[DQ32|2 ABR]], [[DQ33|16 ABR]], [[DQ34|30 ABR]], [[DQ35|14 MAI]], [[DQ36|28 MAI]], [[DQ37|18 JUN]], [[DQ38| 2 JUL]], [[DQ39| 9 JUL]], [[DQ40| 30 SET]], [[DQ41| 14 OUT]], [[DQ42| 28 OUT]], [[DQ43|18 NOV]], [[DQ44| 2 DEZ]], [[DQ45| 16 DEZ]] | ||
+ | |||
+ | 2014 | ||
+ | |||
+ | [[DQ46| 13 JAN]], [[DQ47| 27 JAN]], [[DQ48| 10 FEV]], [[DQ49|24 FEV]], [[DQ50|10 MAR]], [[DQ51|24 MAR]], [[DQ52|14 ABR]], [[DQ53|28 ABR]], [[DQ54|12 MAI]], [[DQ55|26 MAI]], [[DQ56|9 JUN]], [[DQ57|23 JUN]], [[DQ58|7 JUL]], [[DQ 59|21 JUL]] | ||
+ | |||
+ | |||
+ | <center>[[Ler Dom Quixote]]</center> | ||
{{voltar secção 2}} | {{voltar secção 2}} |
Edição actual desde as 11h56min de 22 de Junho de 2014
Um projecto do São Luiz Teatro Municipal
comissariado por Alvaro García de Zúñiga & Teresa Albuquerque
Sessão 36 – Terça 28 de Maio de 2013 – Leitura dos capítulos 17 e 18 da Segunda Parte do Ingenioso Cavaleiro Dom Quixote de la Mancha."
Convidados :
… “alzando don Quijote la cabeza vio que por el camino por donde ellos iban venía un carro lleno de banderas reales; y creyendo que debía de ser alguna nueva aventura, a grandes voces llamó a Sancho que viniese a darle la celada. El cual Sancho, oyéndose llamar, dejó a los pastores y a toda priesa picó al rucio y llegó donde su amo estaba, a quien sucedió una espantosa y desatinada aventura.”
Final do cap.16 (DQII)
A aventura dos leões que se segue, dá a oportunidade a Dom Quixote de demonstrar ao cavaleiro do Verde Gabão o seu valor, a sua temeridade e, não de somenos, justificar o merecimento que têm as “valorosas muitas e cristãs façanhas” de estar estampadas em livro. O tema do leão, aliás, é um tema de livro: Um cavaleiro do leão – Yvain – já tinha sido escrito por Chrétien de Troyes, e vários leões figuram entre os clássicos da cavalaria para salientar o valor do herói, desde o Amadís de Gaula, clássico dos clássicos, até o Palmerín de Oliva, passando pelo Primaleón, pelo Belanís e vai-se saber ainda quantos outros. O episódio, então, entrelaça ao perigo real com o mundo da fantasia, e tendo “triunfado” o da Triste Figura, nada parece mais merecido que reclame, a partir de agora, ser reconhecido como Cavaleiro dos Leões.
Mas o génio de Cervantes, uma vez mais, surpreende-nos na contraposição dos modelos, e, o que a priori aparece como um episódio marcado pela, e que resulta da, ingenuidade e do delírio de Dom Quixote, logo deixa entrever um outro ângulo. Opondo assim, ao modelo dos clássicos com que sonha o Quixote o facto de este vir andando pelo caminho, e não "pelo coração do bosque"; o facto que a fera esteja enjaulada e não em liberdade, reforça ainda mais a ausência de iminente perigo e o lado desnecessário do desafio... As prudentes advertências dos acompanhantes, não fazem mais que sublinhar que esta “mítica aventura”, finalmente, é um episódio que nos é apresentado com realismo e veracidade. Não esqueçamos que a aventura dos leões começa pela parodia dos requeijões que Sancho põe dentro do elmo de Dom Quixote e esquece...
E por último, não deixemos escapar o facto que o “tradutor” chame a atenção ao louvor feito ao cavaleiro pelo “autor” desta história. Trata-se ainda, mais uma vez, de outra forma com a qual Cervantes parece afirmar e confirmar o aprofundamento e a complexidade e a evolução do carácter do personagem, entre o Quixote tal qual era e actuava na primeira parte, e este. Este temerário e gratuito acto dos leões não é em nada alheio à essa evolução.
Seguir-se-ão quatro dias em casa do do Verde Gabão. Neles, Dom Diego e o seu filho - Dom Lourenço -, antecipam aquilo que durante quatrocentos anos todos os leitores do Quixote não deixaram de ponderar e será um dos temas maiores de todo o cervantismo: a questão de decidir até que ponto Dom Quixote é louco ou não tanto. Chegando Cervantes - como bom primeiro cervantista que foi -, a incluir modelos de leitura que não deixam de lado a observação de intervalos lúcidos e de loucura misturados.
Nesses quatro dias tomaremos contacto com os dotes poéticos de Lourenço, que, se por um lado vão servir para “adocicar” a causa da cavalaria andante tão ardentemente defendida por Dom Quixote, por outro, através do soneto dedicado a Píramo e Tisbe, vão introduzir o tema do amor e seus obstáculos que serão largamente desenvolvidos nos capítulos e nas histórias de Quitéria, Basílio e o rico Camacho que se seguem.
links úteis :
Sessões
2011
20 SET, 4 OUT, 25 OUT, 15 NOV, 29 NOV, 13 DEZ
2012
24 JAN, 7 FEV, 28 FEV, 13 MAR, 27 MAR, 10 ABR, 24 ABR, 8 MAI, 22 MAI, 5 JUN, 19 JUN, 3 JUL, 25 SET, 09 OUT, 23 OUT, 06 NOV, 13 NOV, 27 NOV, 11 DEZ
2013
08 JAN, 22 JAN, 05 FEV, 19 FEV, 5 MAR, 19 MAR, 2 ABR, 16 ABR, 30 ABR, 14 MAI, 28 MAI, 18 JUN, 2 JUL, 9 JUL, 30 SET, 14 OUT, 28 OUT, 18 NOV, 2 DEZ, 16 DEZ
2014
13 JAN, 27 JAN, 10 FEV, 24 FEV, 10 MAR, 24 MAR, 14 ABR, 28 ABR, 12 MAI, 26 MAI, 9 JUN, 23 JUN, 7 JUL, 21 JUL